Quais foram os caminhos que as Escrituras que temos por Sagradas percorreram até chegarem às nossas mãos? Quais foram os meios e formas utilizadas por Deus para transmitir, preservar e guardar as Escrituras? É uma história emocionante e rica em detalhes, cujo fim nós conhecemos: vem abençoando, salvando, curando, transformando milhões de vidas pelos séculos a fio! Conheçamos um pouco desta fascinante história!
A inspiração da escritura se encontra em primeiro lugar nos manuscritos originais
Como poderemos conhecer à Deus, ou saber sua vontade para nossas vidas? Isso não é possível, a menos que Ele próprio se revele a nós! Se Ele próprio não nos informa, nunca poderemos saber com certeza as respostas às perguntas que a nós, como seres humanos, mais nos importam. Aqui é importante ressaltar que a Bíblia se nos apresenta como sendo a revelação escrita de Deus. Pretende ser o livro no qual Deus nos dá as respostas às grandes perguntas que preocupam a nossa alma, questões que toda a sabedoria e a ciência dos homens é incompetente para solucionar com qualquer grau de certeza.
A Bíblia declara acerca de si mesma que é a revelação especial de Deus; temos portanto de reconhecer que reivindica ser o verdadeiro tipo de fonte de onde se deriva um conhecimento de verdade religiosa digno de confiança. Chega às nossas mãos com a asserção que as palavras vêm do próprio Deus: “Assim diz o Senhor”. Se Deus existe, e se se preocupa pela nossa salvação, esta é a única maneira (fora de uma revelação divina direta a cada indivíduo de cada geração sucessiva) que poderia, de maneira certeira, transmitir esse conhecimento para nós. Tem de ser através de algum registro escrito, exatamente aquilo que a Bíblia é, segundo seu próprio testemunho2. A inspiração que defendemos é das palavras originais, hebraicas, e gregas, escritas pelos profetas e apóstolos.
- – Não há dúvida que há algumas outras escrituras religiosas que fazem a mesma reivindicação acerca de si mesmas, tais como o Corão e o Livro de Mórmon. Deve-se reconhecer, porém, que estes documentos não possuem as credenciais que autenticam a Bíblia como registro verdadeiro da revelação divina. Mais notadamente falta-lhes a validez que se comprova pela profecia anterior a seu subsequente cumprimento, e pela presença em todas as suas partes do Redentor humano e divino. O Livro do Mórmon é enfraquecido pelas muitas inconsistências e inexatidões; o Corão, que alegadamente foi ditado por um arquétipo coeterno com Alá, exibe não somente os mais estranháveis erros históricos, mas também pontos de vista mutáveis dum autor humano (Maomé), à luz dos acontecimentos do seu dia. Não há comparação entre a Bíblia e estes livros quando se trata da grandeza e da clareza dos pensamentos que transmite, e do poder que exibe ao penetrar na alma humana com conseqüências que transformam vidas.
2) – O que se pode dizer acerca da tradição oral? Não há a possibilidade de a verdade infalível de Deus ter sido transmitida de boca em boca durante sucessivas gerações? Sim, pode ter acontecido assim, e não há dúvida que algumas porções da Bíblia foram conservadas assim até chegar à sua forma autoritativa e final, por escrito. Mas a tradição oral é necessariamente instável de natureza e sujeita a alterações por causa do fator subjetivo: a memória incerta do guardião daquela tradição. O legado de fé foi transmitido oralmente durante milênios desde Adão até Moisés, na sua maior parte, mas a forma final escrita, lavrada por Moisés, deve ter sido especialmente supervisionada pelo Espírito Santo, para assegurar a sua divina veracidade. As próprias Escrituras dão considerável ênfase ao seu estado escrito, e raramente imputam divina veracidade a mera tradição oral. Embora seja verdade que as palavras pronunciadas por Moisés, os profetas, Jesus e os apóstolos fossem divinamente autorizadas desde o momento de terem sido pronunciadas, não havia outra maneira de conservá-las com exatidão a não ser pela escrituração (i.é., registrando-as por escrito sob a orientação do Espírito Santo).
- – “Desde o começo, embora creiamos que na Galiléia e entre os seus íntimos nosso Senhor falava em aramaico, e embora saibamos que algumas de suas últimas palavras na cruz foram pronunciadas naquela língua, no seu ensino público, suas discussões com os fariseus e sua fala com Pôncio Pilatos, foram realizadas principalmente em grego”.
Deve-se notar que há dois processos:
I -Transmissão das Escrituras
II -Tradução das Escrituras
I – A Transmissão
Podemos ver a providência de Deus na Transmissão do Texto. O fato é que as Escrituras que possuímos não são manuscritos originais, até são cópias das cópias, e muitas vezes estes documentos que possuímos diferem entre si. Será que podemos confiar no texto? Podemos confiar na inerrância dum texto que até tem corrupções? Se Deus tomou o cuidado de garantir a inerrância do texto original, porque permitiu que sofresse corrupção? Vamos ver a evidência, duma maneira bem resumida, rapidamente. Os manuscritos mais antigos que existem de trechos longos do Velho Testamento, datam de 850 depois de Cristo. Existem porém partes menores bem mais antigas como o Papiro Nash do segundo século da era cristã.
Porém, em 1947, a maior descoberta foram os manuscritos do Mar Morto, quando uma cópia completa de Isaías, fragmentos de Gênesis, Levítico, Deuteronômio e Juízes foram encontrados. Estes manuscritos datam do século 1° ou 2° no máximo. Temos evidência indireta que vem da versão grega do Velho Testamento, a Septuaginta, que vem do 3° século AC, e o Pentateuco Samaritano, do 4° século, possivelmente. Há diferenças entre este texto e o texto hebraico, mas, são de pouca importância. Existe uma versão chamada a Hexapla de Origínes que consistia de seis colunas paralelas, das quais a primeira dava o texto hebraico e a segunda a sua transliteração para caracteres gregos. A versão siríaca era usada pela Igreja na Síria, e desde o século nono de nossa era vem sendo conhecida como Pesita (em siríaco, pshittâ) ou tradução “simples”. Além disso, existem os Targuns, e outras fontes, que não mencionamos.
Temos os Códices – O Vaticano (325-350) tem a maior parte do Novo Testamento, além do Velho Testamento.
O Códice Sinaítico (375-400) que tem o Novo Testamento completo, mas falta partes do Velho Testamento. O Códice Alexandrino (450 DC) que só tem o Novo Testamento. As Versões Latinas – A mais antiga é a Versão do Latim, Antigo de Utala, (cerca de 200 DC), que era a tradução da Septuaginta. A Vulgata de Jerônimo (390-405 DC)‚ uma tradução primeiramente da Septuaginta e finalmente do hebraico. Existem também outras versões como a Siríaca do século 2° ou 3°.
A Cóptica do 2° século, Etióptica do século 4° e a Armênia do 5° século DC.
Fizemos um estudo bem resumido, e escolhemos apenas algumas fontes para revelar o fato que a nossa herança é riquíssima; e não estamos confiando em apenas um ou dois manuscritos, mas em muitos documentos, que reunidos e comparados não revelam nada que exigiria a modificação da doutrina cristã. No caso de Novo Testamento, há na atualidade, cerca de 4.000 manuscritos gregos que contém o Novo Testamento no todo ou em parte. Quando comparamos a situação do Novo Testamento, com a matéria de evidências manuscritas para outras obras de antigüidade, vemos quão rico é o Novo Testamento. Das Guerras Gaulezas de César, escrito entre 58 a 50 AC, existem vários manuscritos, mas apenas nove ou dez são valiosos, e o mais antigo data de 900 anos após o guerreiro. Dos 142 livros da História Romana de Lívio (59 AC a 17 DC), sobrevivem apenas 35, estes nos são conhecidos a base de não mais de vinte manuscritos de algum valor, e apenas um fragmento que vem do século 4°. Dos 14 livros da História de Tácito (cerca de 100 AD), apenas quatro e meio sobrevivem, dos 16 livros dos seus Anais, restam 10 completos e 2 fragmentos. O texto destas porções remanescentes das duas grandes obras históricas, dependem inteiramente de dois manuscritos, um do século 9° e outro do século 11°. Vamos ver o veredicto pronunciado por Sir Frederic Kenyon estudioso cuja autoridade para emitir juízos quanto a manuscritos antigos, não havia superior: “O intervalo então entre as datas da composição original, é a mais antiga evidência existente, se tornarão tão reduzido, de sorte a ser praticamente desprezível, e o derradeiro fundamento para qualquer dúvida de que nos hajam as Escrituras chegado às mãos substancialmente como foram escritas, agora não mais persiste. Tanto a autenticidade quanto a integridade geral dos livros do Novo Testamento se podem considerar como firmados de modo absoluto e final” – The Bible and Archeology. II – Tradução
Temos o problema da transferência de pensamento duma linguagem original para uma secundária. O problema é a verificação, será que o pensamento original foi transferido com exatidão? Podemos dizer que tantas são as precauções tomadas, que a tradução fiel da Bíblia em qualquer língua pode ser considerada como a Palavra de Deus. É lógico que quando se faz a tradução de qualquer palavra em qualquer idioma, perde-se a “força” original do termo na língua mãe. Isso ocorre também porque existem expressões que chamamos de “expressões idiomáticas” que caracterizam épocas e tempos contendo um significado próprio por causa de seu contexto. Por isso é tão importante conhecermos os termos (ou expressões) idiomáticas e seus significados originais para podermos, através deles compreender o contexto daquilo que é dito.
A FORMAÇÃO DO CÂNON DO VELHO TESTAMENTO
Quais são os livros que pertencem ao Cânon do Velho Testamento? Por que só os 39? A Igreja Católica Romana, desde o Concílio de Trento, (1546), tem recebido outros livros como canônicos. Estes são 14 apócrifos, que vem do adjetivo grego “apokriphos” (ocultos). Estes livros são: 1° e 2° Esdras, Tobias, Judite, Adições a Ester, Oração de Manassés, Epístola de Jeremias, Livro de Baruque, Eclesiástico, Sabedoria de Salomão, 1° e 2° Macabeus, Adições a Daniel, que inclui a Oração de Azarias, o Cântico dos Três Hebreus e Bel e o Dragão. Vamos examinar o conteúdo e origem destes livros duma maneira bem resumida, depois verificar porque não foram aceitos pela Igreja.
O CONTEÚDO DOS APÓCRIFOS
Os Apócrifos: É esta a denominação que comumente se dá aos 14 livros contidos em algumas Bíblias, entre os dois Testamentos. Originaram-se do terceiro ao primeiro século AC. a maioria dos quais de autor incerto, e foram adicionados a Septuaginta, tradução grega do Velho Testamento, feita naquele período. Não foram escritos no hebraico do Velho Testamento. Foram produzidos depois de haver cessado as profecias, oráculos e a revelação direta do Velho Testamento, Josefo rejeitou-os totalmente.
Nunca foram reconhecidos pelos judeus como parte das Escrituras hebraicas.
Nunca foram citadas por Jesus, nem por ninguém mais no Novo Testamento. Não foram reconhecidos pela Igreja Primitiva como de autoridade canônica, nem de inspiração divina. Quando se traduziu a Bíblia para o latim, no segundo século A.D. seu Velho Testamento foi traduzido, não o Velho Testamento hebraico, mas da versão grega da Septuaginta do Velho Testamento. Da Septuaginta esses livros apócrifos foram levados para a tradução latina; e daí para a Vulgata, que veio a ser a versão comumente usada na Europa Ocidental até o tempo da Reforma. Os protestantes baseando seu movimento na autoridade divina da Palavra de Deus, rejeitaram logo esses livros apócrifos como não fazendo parte dessa Palavra, assim como a Igreja Primitiva e os hebreus antigos fizeram. A Igreja romana, entretanto, no Concílio de Trento em 1546 A.D. realizado para deter o movimento protestante, declarou canônicos tais livros, que ainda figuram na versão de Matos Soares, etc… (Bíblia Católica Romana).
O VALOR DOS APÓCRIFOS
Não podemos dizer que esses livros não tem nenhum valor, pois não seria verdade. Tem valor, mas não como as Escrituras. São livros de grande antigüidade e valor real. Do mesmo modo que os manuscritos do Mar Morto, são monumentos a atividade literária dos judeus, estes também são. Em parte, preenchem a lacuna histórica entre Malaquias e Mateus, e ilustram a situação religiosa do povo de Deus naquela época.
PORQUE NÃO FORAM ACEITOS NO CÂNON DO VELHO TESTAMENTO?
- – Nenhum dos livros foi encontrado dentro do cânon hebraico. Um estudo da história do Cânon dos judeus da Palestina, revela uma ausência completa de referências aos livros apócrifos. Josefo, diz que os profetas escreveram desde os dias de Moisés até Artaxerxes, também diz, e verdade que a nossa história tem sido escrita desde Artaxerxes, não foi tão estimada como autoritativa como a anterior dos nossos pais, porque não houve uma sucessão de profetas desde aquela época. O Talmude, fala assim: “Depois dos últimos profetas, Ageu, Zacarias e Malaquias, o Espírito Santo deixou Israel”. Não constam no texto dos massoretas (copistas judeus da maior fidelidade) entregar tudo o que consideravam canônico nas Escrituras do Velho Testamento. Nem tão pouco parece ter havido “Targuns” (paráfrases ou comentários judaicos da antigüidade) ligado a eles. Para os judeus, os livros considerados “inspirados” são os 39 que hoje conhecemos como Velho Testamento. Eles os possuem numa ordem diferente da nossa por causa da forma pela qual dividem os livros.
- – Todos estes livros foram escritos depois da época quando a profecia cessou em Israel, e não declaram ser mensagem de Deus ao homem. Fora dois deles, Eclesiástico e Baruque, os livros são anônimos, e no caso de Eclesiástico, o autor não se diz profeta, nem asseverou que escreveu sob a inspiração de Deus. O livro de Baruque que se diz ser escrito pelo secretário de Jeremias, não pode ser aceito como genuíno, pois contradiz o relato bíblico. Os livros de Macabeus não tem nenhuma pretensão para autoria profética. Mas registra detalhes sobre as guerras de independência em 165 A.C. quando os cinco irmãos macabeus lutaram contra os exércitos da Síria. I Macabeus é geralmente considerado como de maior valor histórico do que o II.
Nenhum dos livros foi encontrado dentro do cânon hebraico. Um estudo da história do Cânon dos judeus da Palestina, revela uma ausência completa de referências aos livros apócrifos. Josefo, diz que os profetas escreveram desde os dias de Moisés até Artaxerxes, também diz, e verdade que a nossa história tem sido escrita desde Artaxerxes, não foi tão estimada como autoritativa como a anterior dos nossos pais, porque não houve uma sucessão de profetas desde aquela época. O Talmude, fala assim: “Depois dos últimos profetas, Ageu, Zacarias e Malaquias, o Espírito Santo deixou Israel”. Não constam no texto dos massoretas (copistas judeus da maior fidelidade) entregar tudo o que consideravam canônico nas Escrituras do Velho Testamento. Nem tão pouco parece Ter havido “Targuns” (paráfrases ou comentários judaicos da antigüidade) ligado a eles. Para os judeus, os livros considerados “inspirados” são os 39 que hoje conhecemos como Velho Testamento. Eles os possuem numa ordem diferente da nossa por causa da forma pela qual dividem os livros.
Todos estes livros foram escritos depois da época quando a profecia cessou em Israel, e não declaram ser mensagem de Deus ao homem. Fora dois deles, Eclesiástico e Baruque, os livros são anônimos, e no caso de Eclesiástico, o autor não se diz profeta, nem asseverou que escreveu sob a inspiração de Deus. O livro de Baruque que se diz ser escrito pelo secretário de Jeremias, não pode ser aceito como genuíno, pois contradiz o relato bíblico. Os livros de Macabeus não tem nenhuma pretensão para autoria profética. Mas registra detalhes sobre as guerras de independência em 165 A.C. Quando os cinco irmãos macabeus lutaram contra os exércitos da Síria. I Macabeus é geralmente considerado como de maior valor histórico do que o II.
- – O nível moral de muitos destes livros é bastante baixo. São cheios de erros históricos e cronológicos, por exemplo, Baruque 1.1, diz que ele está na Babilônia, enquanto Jeremias 43.6, diz que ele está no Egito. Baruque diz que os utensílios do templo foram devolvidos da Babilônia, enquanto Esdras e Neemias revelam o contrário. Baruque cita uma data errada para Beltesazar e diz que o cativeiro era de sete gerações 6.3, o que contradiz as profecias de Jeremias e o cumprimento de Esdras. Tobias e Judite estão cheios de erros geográficos, cronológicos e históricos. Tobias 1.4,5 contradiz 14.11. Mentiras, assassinatos e decepções são apoiados. Judite é um exemplo. Temos suicídios (4.10), encantamentos, magia e salvação pelas obras (Tobias 12.9; Judite 9.10,13).
4) – Não foram incluídos no Cânon até o fim do 4° século. Como já observamos, os livros apócrifos, não foram incluídos no cânon hebraico. Os livros apócrifos foram incluídos na Septuaginta, a versão grega do Velho Testamento e que não é de origem hebraica, mas de Alexandria, que é uma tradução do hebraico. Os Códices Vaticanos, Alexandrinos e Sinaíticos, tem apócrifos entre os livros canônicos. Porém temos de notar vários fatores aqui.
- – Nem todos os livros apócrifos estão presentes nos Códices e não tem ordem fixa dentro dos Códices.
- – Por ser um livro de origem egípcia, pois vem de Alexandria, a Septuaginta não tinha os mesmos salvaguardas contra erros e acréscimos, pois não tinham massoretas orientando a obra com o mesmo cuidado que usaram no texto hebraico.
c) – Manuscritos, naquele tempo, ficavam em rolos, não livros e são facilmente misturados, e seria fácil juntar outros que ficaram numa mesma caixa. No caso de guerras ou desastres, estes manuscritos poderiam ser colocados em jarros de barro e lacrados para serem posteriormente reutilizados. Alguns destes jarros foram achados nas cavernas de Qumran com manuscritos que nos ajudaram a comfirmar o conteúdo de nossas Bíblias atualmente, além de revelarem uma série de fatos muito interessantes sobre a vida daquela época.
d) – O preço de material para escrever pode influir também. Não era tão fácil calcular o espaço necessário para fazer um livro. Que fariam se cortassem o couro e descobrissem 30 ou 40 páginas de couro sobrando no livro? Naturalmente encheria com conteúdo devocional. A tendência seria de misturar livros bons com os canônicos até o ponto que os não canônicos fossem aceitos como canônicos. e) Os livros não canônicos não foram recebidos durante os primeiros quatro (4) séculos. Melito, o bispo de Sardis em 170 D.C., visitou a Judéia para verificar o número certo de livros do Velho Testamento. A lista que ele fornece, inclui os livros canônicos do Velho Testamento, menos Ester (porque não reconheceu entre os apócrifos) e não incluiu os apócrifos. ORÍGENES, o erudito do Egito, com uma grande biblioteca, incluiu os 39 livros do Velho Testamento, mas em 22 e seguindo a lista ele fala: “Fora destes temos os livros dos Macabeus”. Outros pais da Igreja, como Atanásio, Gregório de Nazianzus de Capadócia, Rufinus da Itália e Jerônimo, nos deixaram com uma lista que concorda com o cânon hebraico.
JERÔNIMO, que fez a Vulgata, não quis incluir os livros apócrifos por não considera-los inspirados, porém, os fez por obrigação do bispo, não por convicção, mesmo assim só traduziu Judite e Tobias, os outros apócrifos foram tirados diretamente dos versos latinos anteriores. Parece que a única figura da antigüidade a favor dos apócrifos era Agostinho, e dois Concílios que ele mesmo dominou (393 e 397). Porém, outros escritos dele (A cidade de Deus) parecem revelar uma distinção entre os livros canônicos e os apócrifos (17.24; 18.36,38,42-45).
GREGÓRIO, O GRANDE, papa em 600 D.C., citando I Macabeus falou que não era um livro canônico, e o cardeal Ximenis no seu poligloto afirma que os livros apócrifos dentro de seu livro, não faziam parte do cânon. Os livros apócrifos não foram aceitos como canônicos até 1546 quando o concílio de Trento decretou: “Este Sínodo recebe e venera todos os livros do Velho e Novo Testamentos, desde que Deus ‚ o autor dos dois, também as tradições e aquilo que pertence a fé e morais, como sendo ditados pela boca de Cristo, ou pelo Espírito Santo”. A lista dos livros que segue inclui os apócrifos e conclui dizendo: “Se alguém não receber como Sagradas e canônicos estes livros em todas as partes, como foram lidos na Igreja Católica, e como estão na Vulgata Latina, e que conscientemente e propositadamente contrariar as tradições já mencionadas, que ele seja anátema”. Para nós o fator decisivo é que Cristo e seus discípulos não os reconheceram como canônicos, pois não foram citados por Cristo nem os outros escritores do Novo Testamento!
O CÂNON DO NOVO TESTAMENTO
Pelo Cânon do Novo Testamento queremos falar a coleção de 27 livros do Novo Testamento considerados como a norma ou regra de fé para a Igreja de Cristo. Surgem logo perguntas a respeito do cânon do Novo Testamento. Como e quando chegaram a ser reconhecidos como livros inspirados? Qual a base para a seleção destes livros e por que rejeitaram outra literatura da igreja daquele tempo? Vamos tentar responder estas perguntas, incluindo: Quando foram escritos estes livros?
O CONTEÚDO DO CÂNON NEO-TESTAMENTÁRIO
Como já notamos, o cânon do Novo Testamento tem 27 livros escritos em grego. Os primeiros cinco são de caráter histórico, sendo quatro os Evangelhos que contém ditos e feitos de Jesus Cristo, e um é o livro de Atos, escrito por Lucas, o autor do terceiro Evangelho. Temos 21 cartas escritas por Paulo, Pedro, Tiago, Judas e possivelmente mais um autor, se Hebreus não é paulino, é o livro de Apocalipse, escrito por João, o mesmo autor de um dos Evangelhos e três cartas.
AS DATAS DESTES LIVROS
Segundo a informação dada em Lucas 3.1, o ministério de João Batista que precedeu o início do ministério de Jesus Cristo data do 15° ano de Tibério César. Tibério tornou-se imperador em agosto de 14 A.D., assim o 15° ano começaria em outubro, 27 D.C. Temos três páscoas mencionadas no evangelho de João, se sendo que a terceira foi a Páscoa de 30 D.C., esta sendo a data mais provável da morte de Cristo na cruz. O Novo Testamento, como é conhecido hoje, estava completo por volta do ano 1000 D.C. e a grande parte dos livros já existindo há mais de 40 anos. Pode-se dizer que quase todos os livros foram escritos antes de 70 D.C.
COMO FOI FORMADO?
Evidência Interna: Isto é do próprio Novo Testamento. O fato é que a Igreja primitiva recebeu dos judeus a idéia de uma regra de fé e conduta escrita. Esta idéia foi confirmada pelo Senhor Jesus Cristo, e os escritores do Novo Testamento, que sempre se referiam ao Velho Testamento como sendo a palavra de Deus escrita. Sabemos que desde o princípio, a Igreja cristã tem aceitado as palavras de Cristo com a mesma autoridade com que aceitaram as palavras do Velho Testamento, e aceitaram não apenas isto, mas declararam os apóstolos que o seu próprio ensino, oral e escrito possuía autoridade semelhante a do Velho Testamento. Tal era a autoridade de seus escritos, que mandaram que fosse lido publicamente nas Igrejas (I Ts 5.27; Cl 4.16; II Pe 3.1,2). Era portanto natural que a literatura do Novo Testamento se acrescentasse ao Velho Testamento. No próprio Novo Testamento, pode ser que vejamos o início deste processo (I Tm 5.18; II Pe 3.1,2 e 15,16). Além da evidência interna, temos a evidência histórica da formação do Cânon do Novo Testamento.
O CRITÉRIO CANÔNICO
O critério que a Igreja aplicou como teste de autenticidade era ditado pelas necessidades de fazer face à controvérsia com hereges e descrentes. Como veremos a seguir, na seleção do mateiral que iria compor os primeiros escritos, as necessidades missionárias, ao lado das apologéticas, são o critério para a seleção de testimonia, ditos, milagres e parábolas de Jesus que, nos primórdios na nova época, iriam formá-los. Eis alguns critérios deseleção: A apostolicidade A obra em consideração pela Igreja deveria ter sido escrita por um dos doze ou possuir o que se chamaria hoje de imprimatur apostólico. O escrito deveria proceder da pena de um apóstolo ou de alguém que estivera em contato chegado com apóstolo e, quando possível, produzido a seu pedido ou haver sido especialmente comissionado para fazê-lo. Como consequência este documento deveria pertencer a um período bem remoto. Quanto aos Evangelhos, estes deveriam manter o padrão apostólico de doutrinas particularmente com referência à encarnação e ser na realidade um evangelho e não porções de evangelhos, como tantos que circulavam naquele tempo. A circulação e uso do livro É provável que certos livros houvessem sido aceitos e circulado como autoridade antes mesmo que qualquer relação com apóstolo, quer direta, quer indireta, fosse determinada. É deste modo que o escrito recebia o imprimatur da própria comunidade cristã universal que o usava. Ortodoxia Este era importante ítem na escala de padrões de aferimento. Percebe-se nos próprios escritos do Novo Testamento, que depois formaram seu cânon, o repúdio à falsa doutrina e a luta pela preservação da ortodoxia, que em Rm 6.17 chama de “padrão de doutrina”, ou o que II Tm 1.13 denomina “padrão das sãs palavras”, ou ainda o “depísito de I Tm 6.20. Autoridade diferenciadora Bem cedo, antes mesmo que os Evangelhos fossem mencionados juntos, já os cristãos distinguiam livros que eram citados e lidos como tendo autoridade divina e outros que continuavam fora do Novo Testamento. A leitura em público Nenhum livro seria admitido para a leitura pública na Igreja se não possuísse características próprias. Muitos outros livros circulavam quando Mateus começou a ser usado pelos cristãos. Poderiam ser bons e de leitura agradável, mas só serviam para a aleitura em particular. Havia alguns, e entre eles os Evangelhos de modo restrito e Mateus de modo singular, que se prestavam à leitura e ao comentário perante as congregações cristãs, como a Lei e os Profetas nas Sinagogas. É o que I Tm 4.13 quer dizer quando Timóteo é exortado a aplicar-se à leitura, isto é, à “leitura pública das Escrituras” como sabiamente indica um rodapé da última revisão de Almeida.
O PRIMEIRO SÉCULO D.C.
Não se sabe quando as palavras do Senhor (At 20.35 e I Co 7.10) foram registradas por escrito pela primeira vez. Porém, em mais ou menos 58 D.C., quando Lucas escreveu seu Evangelho, muitos já haviam empreendido esta tarefa (Lc. 1.1). Pode ser que a Epístola de Paulo aos Gálatas fosse escrita tão cedo como em 49 D.C. É claro que a Epistola foi escrita antes de sua morte em 62 D.C. e as outras Epístolas de Paulo e Pedro, antes da morte deles, na época de 68 D.C. A maior parte do Novo Testamento já estava escrita antes da queda de Jerusalém em 70 D.C. O Evangelho e as Epístolas de João, e o Apocalipse, certamente foram completadas antes do fim do primeiro século.
O CÂNON DO NOVO TESTAMENTO E OS PAIS DA IGREJA
Escritores “evangélicos” no fim deste mesmo século mostram que conheciam os evangelhos e epístolas. A atitude dos cristãos em face das normas da doutrina cristã que encontramos no fim da época apostólica (isto é, mais ou menos em fins do século I d.C.) podem ser encontradas no princípio da era pós-apostólica, principalmente na fase mais antiga dos pais apostólicos.
CLEMENTE, Bispo de Roma – Cerca de 95, escreveu uma carta a Igreja de Corinto, e nesta carta menciona, I Coríntios, Efésios, I Timóteo, Tito, Tiago, o evangelho de João e Hebreus.
INÁCIO, Bispo de Antioquia – Antes de 117, deixou sete cartas e nelas menciona passagens dos evangelhos, especialmente Mateus e João e as cartas paulinas, colocando os escritos do Novo Testamento num plano de autoridade superior aos do Velho Testamento, em virtude da clareza de seu testemunho.
INÁCIO, Bispo de Antioquia – Antes de 117, deixou sete cartas e nelas menciona passagens dos evangelhos, especialmente Mateus e João e as cartas paulinas, colocando os escritos do Novo Testamento num plano de autoridade superior aos do Velho Testamento, em virtude da clareza de seu testemunho.
POLICARPO, que conhecia João pessoalmente, escreveu uma carta em cerca de 105-108, que menciona cartas de Paulo como autoritativas, principalmente Filipenses, mas revela conhecimento de Mateus, Atos, Romanos, I e II Coríntios, Gálatas, Efésios, I e II Tessalonicenses, I e II Timóteo, I e II Pedro e I João. Estes escritores distinguiram claramente entre seus próprios escritos e os escritos dos apóstolos, atribuindo a estes últimos, inspiração e autoridade. Demonstram estes escritores que, mesmo nesta data primitiva, os evangelhos e as epístolas do Novo Testamento, já se achavam em circulação e eram honrados tanto nas igrejas do ocidente como do oriente. 100-150 D.C. – As Escrituras do Novo Testamento lidas nas Igrejas
PAPIAS – Cerca de 140 D.C. testifica que “a voz viva dos presbíteros ia sendo substituída pela autoridade da palavra escrita”. Nos escritores deste período há referências claras a todos os livros do Novo Testamento, com exceção a 6 ou 7 das epístolas mais curtas; ele atesta a existência de Mateus e Marcos e o caráter apostólico destas obras.
JUSTINO, o Mártir (148 D.C.) – fala das recordações dos apóstolos e os que seguiam como sendo lidas nas igrejas. Tanto hereges, como cristãos ortodoxos, testemunham a sua autoridade, muitas vezes citando o Novo Testamento e acrescentando “como está escrito”. 150-200 D.C. – Traduções e comentários do Novo Testamento Neste período a Igreja de Cristo se expandiu e desenvolveu-se. Com a inclusão de homens de novas raças e grande capacidade, os eruditos fizeram traduções das Escrituras em outras línguas. Remontam a este tempo a velha versão latina para o povo da África do Norte e a versão Siríaca para o povo do Oriente Médio. Começaram a aparecer comentários. Houve por exemplo, o Comentário sobre os oráculos do Senhor, da autoria de Papias (140). Um comentário sobre o Apocalipse, da autoria de Melito (165). Pouco depois, Tatião escreveu o DIATESSERON, ou Harmonia dos quatro evangelhos, que se reconheciam como possuidores de autoridade única. Ao fim do século, Clemente de Alexandria escreveu seus Esboços, que é um comentário em 7 volumes sobre os livros do Novo Testamento, que incluía todos os livros do Novo Testamento, mais a epístola de Barnabé e o Apocalipse de Pedro (que foram excluídos do cânon). 200 – 300 – Colecionam-se e separam-se os livros do Novo Testamento ORÍGENES, é um erudito da época, era tão trabalhador que se diz que empregou 7 estenógrafos que revezavam no trabalho de registro do que ditava, além de 7 copistas e outros que ajudavam na parte de secretaria. Redigiu ele do texto do Novo Testamento, defendeu sua inspiração, escreveu comentários ou discursos sobre a maioria dos livros.
TERTULIANO (cerca de 200) foi o primeiro a chamar a coleção que temos de “Novo Testamento”, assim colocando-a ao mesmo nível de inspiração como os livros do Velho Testamento. BIBLIOTECAS se formaram em Alexandria, Jerusalém, Cesaréia, Antioquia, Roma e ainda outras cidades, das quais a parte mais importante consistia em manuscritos e comentários das Escrituras. 300 – 400 – O cânon bem estabelecido Vários fatores contribuíram para tornar importante a distinção entre livros canônicos e outros livros não canônicos. Alguns dos fatores eram:
- – A coleção num só livro dos livros inspirados.
- – Serem reconhecidos estes livros com a autoridade da fé cristã.
- – O aumento das heresias e falsa doutrina.
Antes do fim do quarto século, todas as Igrejas tinham reconhecido o cânon do Novo Testamento, como o temos hoje. Eusébio, conta até que ponto o assunto do Cânon chegara a seu tempo (316 d.C.).
1) – Aceitos universalmente – Os 4 evangelhos, Atos, Epístolas de Paulo (incluindo Hebreus), I Pedro, I João e Apocalipse.
2) – Disputado por alguns – Embora admitidos pela maioria e pelo próprio Eusébio, Tiago, II Pedro, II e III João, Hebreus e Judas.
3) – Não genuínos – Atos de Paulo, Didache (ensinos dos Apóstolos), o Evangelho dos egípcios, o Evangelho de Tomé, o Evangelho das basilidas, o Evangelho de Matias e o Pastor de Hermes.
No ano de 367, Atanásio pela primeira vez apresentou um cânone do Velho e Novo Testamentos firmemente circunscritos, dentro do qual eram definidas as classes individuais dos textos e de sua seqüência. Ele designou vinte e sete livros como sendo os únicos realmente canônicos do nosso Novo Testamento; ninguém pode acrescentar mais nada a este número, bem como ninguém pode retirar coisa alguma. O 3° Concílio de Cartago (397) mandou que: “além das Escrituras canônicas, nada se lesse na igreja sob o título de “Escrituras divinas”. A discussão a respeito do cânon nos séculos subseqüentes se acalmou, porém, muitos eruditos tem se perguntado a si mesmos porque haveriam eles de concordar com a resolução já feita. Agostinho disse que concordou por causa da natureza dos próprios livros e pela unidade praticamente completa entre os cristãos neste assunto. Calvino baseava a sua crença na autoridade desses livros no testemunho do Espírito Santo. Nós aceitamos por todas essas razões, mas principalmente porque já provamos em nossas vidas a veracidade de tudo aquilo que está escrito. Quando vivemos pelas Escrituras, descobrimos que elas são suficientes para todas as nossas necessidades, completas em si mesmas. A única regra de fé e prática.
OS MANUSCRITOS DO NOVO TESTAMENTO
Os manuscritos do Novo Testamento podem ser classificados segundo a matéria que os compõem, ou segundo os caracteres da escrita. Esta classificação ajuda a data-los. Estes manuscritos são papiros ou pergaminhos.
UM PAPIRO – é constituído por tiras de medula do papiro (espécie de cânico com caule triangular, da família das ciperáceas, da grossura de mais ou menos um braço e de 2,5 m a 5 m de altura), cortadas em finas talas e colocadas em camadas cruzadas, estas tiras formam folhas que são em seguida, fixadas umas após outras e enroladas em torno de uma vara. O rolo assim formado se chama, em grego, biblos (dai a palavra: Bíblia) e pode ter até 10 m de comprimento. Os papiros do Novo Testamento são os mais antigos documentos de base que possuímos: em sua maioria datam do século III (um papiro descoberto em 1935, deve mesmo ser datado do começo do 2° século). Se bem que nos transmitam apenas fragmentos de textos, estes documentos são testemunhas preciosas do texto, justamente em razão da sua antigüidade. Existem atualmente em número de 76, designados nas edições críticas por P1, P2 etc.
UM PERGAMINHO – é uma pele, ordinariamente de ovelha, cabra ou bezerro, tratada e cortada em folhetos (a palavra “pergaminho” se originaria da cidade de Pérgamo): estes são postos um em cima do outro para formar não um rolo, mas um volume (em grego: teuchos) de onde vem a palavra Pentateuco para assinalar os primeiros cinco livros do Velho Testamento). Os pergaminhos, trazendo textos do Novo Testamento, datam somente do século IV, no máximo, mas apresentam-nos, geralmente, textos completos do Novo Testamento. O princípio e o fim do texto faltam às vezes, em consequência da deterioração, fácil de imaginar, dos folhetos da capa. Todos estes documentos são escritos em grego mas em um grego que não é mais o grego clássico. (Este grego, comumente falado em todo império, é denominado Koinê: língua comum). Os manuscritos mais antigos do Novo Testamento são escritos em letra maiúsculas ou “unciais”. Atualmente seu número é de 252 (excluem-se os achados de Qumran, que ainda não foram reconstituídos totalmente, não sabendo-se assim o seu número exato). As edições críticas os designam por letras maiúsculas. Os manuscritos em minúsculas (conhecemos hoje 2646) datam no máximo do século IV. Entretanto não devem ser negligenciados porque os copistas do século IX, X e XI recopiavam possivelmente manuscritos em maiúsculas muito mais antigos, que não possuímos mais. As edições críticas os assinalam por algarismos árabes.
Todos estes manuscritos são assaz difíceis de ler. As palavras, as frases e os parágrafos não são separados por espaço algum, e não encontramos nem acento nem sinal de pontuação. Seis manuscritos em maiúsculas são muito importantes:
o Vaticanos (designados por “B” nas edições críticas), assim chamado porque é conservado na biblioteca do Vaticano. Datando do século IV, é o mais antigo de todos os manuscritos sobre pergaminho.
O Sinaíticus (designados por “X”), descoberto em um convento do Sinai, no século IX, vendido em 1933, pelo governo soviético ao British Museum em Londres, também deve datar do século IV.
O Alexandrinus (designados por “A”), trazido de Alexandria a Inglaterra no século XVIII e igualmente conservado no British Museum, data do século V.
O Códex Ephrem (designado por “C”), e uma “palimpsesto”, que quer dizer que o texto primitivo, um manuscrito do Novo Testamento datando do século V, foi apagado no século XII por um copista que se serviu do pergaminho para nele copiar tratados de Ephrem da Síria.
Felizmente, o texto primitivo não desapareceu totalmente e pode ainda ser lido sob o texto medieval por olhos peritos (trabalho penoso, facilitado hoje em dia pelos processos técnicos modernos). Este manuscrito é conservado em Paris, na Biblioteca Nacional. Estes quatro primeiros manuscritos não diferem entre si a não ser por “variantes” de pormenor. Dois outros manuscritos (designados por “D”) apresentam, com os quatro precedentes, grande número de variantes e particularmente notória. Datam ambos do século VI. O primeiro: Códex Bezae Cantabrigiensis deve seu nome ao fato de ter pertencido, assim como aliás também o segundo, a Theodoro de Beza, amigo de Calvino, e que em 1581, seu proprietário o ofertou a Cambrige. Escrito sobre duas colunas, a primeira contendo texto grego, a segunda a tradução latina, oferece somente os 4 evangelhos e o livro de Atos dos Apóstolos.
Hoje em dia, após os achados do Qumran, existem vários manuscritos que estão sendo estudados e também são apresentados ao público em geral. Eles encontram-se em Jerusalém, no Museu do Livro. Ali percebemos o autêntico milagre de preservação dos mesmos, pois encontram-se alguns inteiros e outros fragmentados de tal forma que é preciso “monta-los” como a um quebra-cabeças para descobrir-se de que manuscrito se trata.
A ciência tem colaborado muito para desvendar este quebra-cabeças. Os manuscritos são feitos de pele de carneiro, e cada um deles está passando por um teste de DNA. Este teste determina que pedaços pertencem aos manuscritos mais “completos”, pois o DNA possui o código genético de cada animal em particular. Assim torna-se impossível “juntar” pedaços diferentes!
AS VERSÕES DO NOVO TESTAMENTO Há importantes traduções do original grego do Novo Testamento para dez idiomas antigos, conforme descrição abaixo: Latim: A tradição latina começou em cerca de 150 D.C. O “Latim Antigo” (anterior à “Vulgata”) conta com cerca de 1000 manuscritos. Após o século IV, a versão latina foi padronizada na Vulgata. Há cerca de 8000 traduções latinas do tipo Vulgata, pelo que a tradição latina conta com cerca de 10.000 manuscritos conhecidos, ou seja, mais ou menos o dobro dos manuscritos em grego. Siríaco: Quanto ao siríaco antigo há apenas dois manuscritos, mas revestem-se de grande importância. Datam dos séculos IV e V. A tradição siríaca foi padronizada no Peshitto, do qual há mais de 350 manuscritos do século V em diante.
Copta: Esse é o Novo Testamento do Egito. Há duas variações desse texto, dependendo de sua localização geográfica. O saídico veio do sul do Egito, contando com manuscritos desde o século IV. O boárico veio do norte do Egito, contando com um manuscrito do século IV, mas os demais são de origem bem posterior. Nos séculos depois do século IV, os manuscritos coptas foram muito multiplicados, pelo que há inúmeras cópias pertencentes à esta tradição. Formam um grupo valioso, pois são de caráter “alexandrino”, concordando com os manuscritos gregos mais antigos e dignos de confiança.
Armênio: Essa tradição começou no século V. Com excessão do latim, há mais manuscritos dessa tradição do que qualquer outra. Já foram catalogados 2000 deles. A versão armênia tem vários representantes do tipo de texto “cesareano”, mas muitos pertencem à classe bizantina.
Geórgico: Os georgianos eram um povo da Geórgia caucásia, um agreste distrito montanhoso entre os mares Negro e Cáspio, que receberam o Evangelho durante a primeira parte do século IV. Supomos que a tradição geórgica dos manuscritos começou não muito depois, mas não há quaisquer manuscritos anteriores ao ano de 897. O seu tipo de texto é cesareano.
Etíope: Essa tradição conta com manuscritos datados desde o século XIII. Há cerca de 1000 desses manuscritos, essencialmente do tipo de texto bizantino.
Gótico: Algum tempo depois dos meados do século IV, Ulfias, chamado o apóstolo dos godos, traduziu a Bíblia do grego para o gótico, uma antiga língua germânica. Agora há apenas fragmentos, do século V em diante. São essencialmente do tipo de texto bizantino, com alguma mistura de formas ocidentais. O texto bizantino, entretanto, é uma variedade anterior àquela que finalmente veio a fazer parte do Textus Receptus.
Árabe e Persa: Alguns poucos manuscritos tem sido preservados nesses idiomas; mas são de pouca importância no campo da crítica textual. Quanto à versão árabe, os problemas de estudo são complexos e continuam sem solução, pelo que é possível que ela seja mais importante do que se tem suposto até hoje.
A LÍNGUA DO NOVO TESTAMENTO
Não se pode reconstruir o pensamento cristão primitivo se não se der atenção ao estudo acurado da língua grega durante o primeiro século. Os elementos auxiliares aqui indicados visam a uma introdução.
O GREGO COINÊ
O grego coinê existia lado a lado com a língua nativa; aquele era um mundo bilingue (talvez trilingue). Jesus e seus discípulos dirigiam-se às multidões em grego3, mas é certo que também utilizavam o aramaico, sua língua materna em outras ocasiões. O coinê era a língua do povo que não teve escola e que não possuía dotes literários. O coinê parece ter sido a linguagem da experiência humana, própria para a boca do homem e mulher comum, cuja lógica se movia em termos, não de argumentos eruditos, mas da metáfora colorida e cujas mentes eram ocupadas menos com o significado da vida do que com vivê-la. O coinê do Novo Testamento não tinha as qualidades artificiais sofisticadas do reavivamento ático, que possuía todos os tons da vida do povo em ebulição. Influências estranhas Há no grego do Novo Testamento traços hebraicos inquestionáveis. Resultam da influência do Velho Testamento hebraico e da Septuaginta. Muito da terminologia do Novo Testamento, em seus característicos semânticos, só pode ser explicado pelo Velho Testamento. A palavra nomos, no grego clássico significava “estatuto” ou “regra fixa”. Se olharmos para a Septuaginta, em que se traduz o hebraico torah, veremos que o judeu helenizado considerava a palavra traduzida para o grego não como um princípio abstrato, mas como a vontade graciosa de um Deus pessoal a seu povo. O verbo metanoew, significava para o grego a mudança de mente ou opinião, mas usado pelos profetas hebreus, por João Batista e Jesus, queria dizer completa mudança de caráter e disposição, abandono completo da atitude negativa para com Deus e consigo próprio e tomada de outra posição diferente, positiva. Esta mudança de significado é alcançada pelo conceito de pecado dos judeus, diferentes dos gregos em tudo. Algumas palavras são resultados de simples transliteração, como: allheluia, amen, golgoqa, satan, libanos, manna, sabaton, etc… Existe ainda a presença de outros elementos estrangeiros, como egípcios (Biblos, sinapi): macedônios (parembolh); persas (gaza, sandalion), fenícios (arrabwn), etc… A influência cristã na semântica das palavras e na sintaxe do Novo Testamento é notável. Alguns desses novos significados tem um caráter técnico ou ritual: adelfos, para irmãos da mesma fé; apostolos, no sentido oficial de aggelos; glossa como “dom de línguas”; iereis como apelativo dos cristãos; porfeteuw, como uma função cristã, e outros termos como ekklesia, diakonos, episkopos, etc., que passaram a ter novos significados. Os autores do Novo Testamento deram, em geral, um novo tom a seus vocábulos. Elevaram, espiritualizaram e transfiguraram palavras então correntes, colocando velhos termos em nova roupagem, acrescentando mais brilho à concepções já luminosas. Palavras como agaph, eirhnh, zwe, pistis, swteria, caris, suneidhsis transformaram-se em instrumentos de grande poder a elevar a língua do Novo Testamento a pedestal de glória que só com o novo movimento poderia alcançar.
Isso nos mostra a diversidade de formas que o Eterno se utilizou para compor o Livro Sagrado, pois foi através de aproximadamente 40 homens, em épocas diferentes, utilizando-se de duas línguas muito ricas em sua terminologia. Assim o Eterno Deus dá vazão à revelação de Sua Pessoa e de Seus propósitos para que a humanidade possa então conhecê-lo definitivamente como Ele realmente é! Hoje temos à nossa disposição todo o conjunto de Escritos Inspirados, o qual chamamos de “Bíblia”, com um ingrediente que é fundamental para nós: tudo reunido e traduzido em nossa própria língua! Aqueles que desejam conhecer à Deus podem fazê-lo adquirindo em qualquer livraria uma Bíblia. Esta conduzirá o homem de volta até seu Criador e Senhor! Só podemos concluir dizendo: esta é realmente a Palavra de Deus!
AS “ADIÇÕES” FEITAS À BÍBLIA
A Escritura que possuímos hoje é um pouco diferente daquela que foi produzida na antigüidade pelos profetas no Velho Testamento e depois pelos apóstolos judeus no Novo Testamento. Todas as citações abaixo não constam do texto original! Vejamos alguns exemplos de adições:
1) – As palavras em itálico: elas não constam no original e servem para complementar o sentido do texto. Seu objetivo é enfatizar e firmar algo que está sendo dito.
2) – Palavras entre parêntesis: enquanto as palavras adicionais aparecem em itálico em algumas versões, em outras isso ocorre através do uso de parêntesis.
3) – Palavras na margem ou no rodapé: determinados trechos ou palavras encontrados ma margem ou no rodapé de nossas Bíblias são a tradução ou explicação de um texto ou palavra duvidosa.
- – Divisão em capítulos e versículos: Isso também não existe nos originais. Em alguns casos este tipo de divisão prejudica, pois “quebra” o texto e tira o sentido completo do mesmo, prejudicando assim a sua interpretação. 5) – Divisão do texto em parágrafos: não existe no texto original, embora esta divisão seja muito útil para a compreensão da Escritura. 6) – Referências de rodapé: em praticamente todas as Bíblias hoje encontramos notas de rodapé que correspondem à pequenos números que são inseridos no texto bíblico. Estes números trazem aquilo que chamamos de “referências cruzadas”, ou seja, outras ocorrências daquelas palavras ou expressões, o que torna mais fácil encontrarmos determinadas palavras na Bíblia. 7) – Versões bíblicas: na atualidade temos uma série muito grande de versões dos textos originais. Isso indica que houveram traduções variadas, algumas vezes adaptando-se a linguagem mais popular, para facilitar o entendimento daqueles que lêem. O texto original é único, sem variações e uniforme!
Todos estes fatores nos mostram, mais uma vez, o quanto evoluiu o processo de aprimoramento da Bíblia como um livro especial para a humanidade! Isso não significa que não devamos confiar na Bíblia, mas sim que precisamos cada vez mais nos aprofundarmos no conhecimento (e relacionamento) com Deus e com sua Palavra, pois ela é a única fonte de informação escrita que temos a respeito dele! Por isso, a Bíblia foi e ainda é o livro mais lido, conhecido e vendido do mundo. Sua evolução foi tão fantástica quanto a evolução humana: dos primeiros escritos em pedras e papiros, passando pelas peles de animais, pergaminhos e papel, até finalmente chegar aos nossos dias e ser agora difundida através dos bytes da tecnologia! O avanço da tecnologia tem permitido que através dos bytes da informática a Palavra de Deus tenha trânsito livre através de milhões de computadores, levando pessoas a se renderem aos pés do Senhor Jesus através do avanço tecnológico! Deus está se utilizando disso para semear sua Palavra nos quatro cantos da terra! Este será também um dos motivos pelos quais a humanidade não poderá dizer: “eu não te conhecia Senhor!” Hoje através da Internet temos acesso à muitas coisas ruins, mas também temos acesso à Palavra do Deus Eterno que caminha pela rede mundial trazendo salvação, cura, conhecimento, revelação e mostrando ao mundo que Jesus ainda é o Senhor! É por isso que lemos na Palavra do Senhor: “Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que ESPADA alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração” (Hb 4:12). A palavra de Deus é a única que não passará!
Que assim seja e cumpra-se!
Baruch Há Shem!
Bendito seja o Nome!
Pr. Mário M.