Casas e telhados
Nos tempos bíblicos as casas eram constituídas de somente um cômodo, e eram pequenas. Tinham aproximadamente 15 m quadrados, uma escada lateral e externa levava ao telhado que era normalmente um segundo cômodo de toda casa naquela época, todas as atividades da família eram realizadas fora da casa, portanto à moradia era usada somente para dormir e para as refeições. Por dentro o piso tinha dois níveis no mais alto dormia toda a família, todos juntos e no mais baixo poderia dormir alguns animais estimados pela família, se a família tivesse poucos animais todos dormiam dentro da casa. No telhado da casa muitas atividades eram feitas, por exemplo: reuniões de família, atividades sociais e em noites mais quentes a família toda dormia no telhado, nele era comum haver tantas atividades que em Deuteronômio 22:8 manda que se construam parapeitos nele, que geralmente eram grades de madeira.
Como as diferenças sociais eram poucas em meio à sociedade judaica, as moradias não mudavam muito, eram quase todas iguais. A vida do povo judeu era tranquila, havia muito carinho e aconchego familiar, os pães eram assados em fornos de barro, à noite instrumentos musicais eram tocados na área de fora e as casas iluminadas pelas lamparinas de azeite. Os tais telhados que eram planos, exigiam do construtor da casa cuidados especiais, pois era a sala de estar da família, era armado com pesadas vigas de madeira sobre as quais se colocavam varetas e depois tudo era recoberto com uma mistura de barro e palha picada. As famílias com melhores condições financeiras aplicavam ladrilhos sobre o barro para o conservarem das chuvas que os desgastavam, outros plantavam grama para os protegerem da erosão, regulamente era preciso lixá-lo para mantê-lo impermeável e apesar de todos os cuidados as goteiras eram inevitáveis, mais cedo ou mais tarde sempre apareciam.
As mulheres quase sempre trabalhavam no telhado, amassando pão, tecendo, secando frutas como figo, tâmaras, catando cereais, lavando ou secando roupas, etc. Certa vez em Atos 10:9 Pedro foi orar no telhado; ele também era usado para anunciar coisas importantes em alta voz, veja em Mateus 10:27, Lucas 12:3. As construções de dois cômodos naqueles tempos eram raras, era mais comum fazerem pequenos cômodos no telhado que serviam de quartos para hóspedes ou de aposento para oração, em Mateus 6:6 Jesus disse que ao orar deveriam entrar no quarto ao invés de exibir sua religiosidade. Talvez num destes aposentos Jesus celebrou a ceia com seus discípulos (Lucas 22:12), neste caso tratava[1]se de um lugar espaçoso e mobiliado; também após sua ascensão os seus discípulos tivessem se reunido num lugar semelhante (Atos 1:13).
Em alguns locais as casas eram ligadas umas às outras em meia parede, portanto os telhados também eram ligados formando uma grande passarela, isto na época era chamado como uma rua de telhados que por muitos eram usadas como ruas comuns. Jesus certa vez disse que no dia do juízo quem estiver no telhado não deveria descer para pegar nada em casa (Mateus 24:17).
Encanamentos
As técnicas de encanamento são tão antigas quanto à fundação das primeiras cidades, mas, foi só na época de Jesus que estavam tomando providências para se instalar vasos sanitários. Para os romanos eram comum banheiro e água encanada em casa, em algumas das cidades mais sofisticadas já havia fossas com esgoto encanado ou valas, os canos eram de cerâmica semelhante aos nossos. No primeiro século as casas de pessoas mais ricas possuíam até banheiras e sistemas de aquecimento de água.
Iluminação
Nos tempos bíblicos além das casas hebraicas serem pequenas eram também escuras, pois, as janelas eram poucas, pequenas e localizadas no alto das paredes. Os modos que haviam de iluminar a casa eram geralmente à luz do fogão, lampiões ou lamparinas; naquela época não havia velas, portanto quando na Bíblia lê-se a palavra castiçal é um erro de tradução, o que havia aparecido com castiçal era o menorá, um candelabro de ouro que tinha pavios mergulhados em azeite de oliva. O que era chamado lâmpada naquele tempo eram tigelas de azeite com uma depressão na borda onde se colocava o pavio que geralmente era de linho ou algodão. As lâmpadas mais simples eram feitas de barro e outras mais sofisticadas de bronze ou outro metal, as lâmpadas podiam ser adornadas com desenhos ou mesmo terem formatos de animais, os judeus não gostavam de lâmpadas com formatos, pois, abominava a idolatria.
Mesmo que fosse de dia a casa deveria ter sempre algo aceso dentro, pois eram realmente escuras, e o azeite era barato, também deveria se deixar a lâmpada sempre acesa, pois, era realmente difícil obter fogo o que faziam atritando pedras. Certa vez Jesus contou a parábola da dracma perdida (Lucas 15:8), as pessoas da época entenderam facilmente que o fato da mulher ter pegado a candeia para procurar a moeda foi uma tarefa difícil, pois procurava em um ambiente escuro com auxílio de uma luz muito fraca, além do que uma dracma era muito dinheiro para época; e na parábola das dez virgens (Mateus 25:8) eles também entenderam muito bem o drama que é deixar uma lâmpada apagar, e agora você também pode compreender estas coisas como uma pessoa da época.
A mulher que sempre fazia o papel de dona de casa tinha inúmeros deveres, dentre os quais, manter a lâmpada acesa. Se você for mulher agradeça a Deus de não ter nascido naquela época. Havia lâmpadas fixas que ficavam instaladas nas paredes internas ou externas da casa sobre os veladores que eram pequenas prateleiras, dependendo da necessidade podia-se ter uma ou muitas destas instaladas, havia também as portáteis. Disse certa vez Jesus que ao acender uma lâmpada deveríamos colocá-la no velador para que tivesse utilidade (Mateus 5:15), agora conhecemos porque disse isto.
As mobílias
Como a maioria das casas eram pequenas e só possuíam um cômodo também não tinham muitas mobílias, o que só iria atrapalhar o pouco espaço. As refeições eram feitas em cima de uma pele ou esteira que se estendia no chão, as mesas e cadeiras eram coisas de pessoas ricas, nem sequer uma banqueta era utilizada entre os hebreus. Quando Jesus celebrou a páscoa com seus discípulos muito provavelmente utilizou-se de uma pequena mesa que ficava a poucos centímetros do chão coberto por uma esteira ou tecido, a possibilidade de ter usado mesa e cadeira vai de acordo com o nível do local em que a ceia foi celebrada, alguns dos seguidores de Jesus eram pessoas ricas, portanto, se a ceia foi celebrada na casa de alguém rico usaram realmente mesa e cadeira, o que não está de acordo com a realidade no quadro de Leonardo da Vinci foi o fato de terem usado um lado somente da mesa.
Normalmente as pessoas faziam suas refeições sentadas em cima das esteiras como os orientais ou deitadas de lado apoiados no cotovelo. Uma mobília que era comum era o baú onde se guardavam coisas de diversas naturezas e ficava no canto da casa, famílias mais ricas possuíam camas e armários, no Salmo 110:1 quando se lê “colocaria os teus inimigos por escabelo dos teus pés”, poucos sabem que escabelo é um pequeno baú cuja tampa é forrada para servir de assento, era também usado para se colocar os pés em cima para descansá-los. Os colchões eram também esteiras ou peles de animais. Pela manhã eram enrolados e colocados nos cantos das paredes, mas também havia os estrados de madeira que na época eram coisas sofisticadas. Não havia cobertores, pois as pessoas dormiam com a mesma roupa que usava um dia todo, se estivessem um pouco mais frio colocavam uma túnica a mais. Os travesseiros eram feitos de pelo de cabra com enchimento de lã ou penas. Havia também os tapetes, que era coisa de casas mais ricas, assim como divãs. Os vasilhames eram tigelas ou jarras geralmente de barro colocadas em rentes prateleiras, onde guardava de tudo, desde substâncias medicinais, azeite, a água e outros; em casas mais ricas os vasilhames poderiam ser de materiais mais caros tais como: cobre, bronze, porcelana e até decorados.
Os alicerces
Geralmente o piso das casas era de cerâmica ou terra batida. Também era usado barro endurecido ou argamassa na construção do piso. Em casas mais ricas às vezes faziam-se pisos de pedra calcária que era mais fácil de limpar. O terreno onde era construída a casa era escolhido, pois, deveria ser firme (Mateus 7:24-27), naquele tempo havia ameaças de terremotos, ventos fortes e tempestades seguidas de erosões. Eram comuns as fundações profundas para fincar a construção em camadas de argila ou a rocha; as paredes e o reboco da casa duravam muito menos que os seus alicerces, portanto, quando uma casa estava muito velha era derrubada, mas, o alicerce era aproveitado para a reconstrução.
As portas
Nas casas hebraicas, que eram pequenas, havia somente uma porta geralmente feita de madeira, não utilizavam dobradiças, eram presas em um caixa de pedras e se moviam facilmente, e apesar de serem pequenas e estreitas a sua soleira era sagrada e construída com muito cuidado; esta soleira era de pedra e durante a páscoa se passava sangue nela por causa da ocasião em que foram libertados do cativeiro egípcio. Nas regiões rurais, elas ficavam sempre abertas, mas na cidade aonde havia constantes perigos de furto possivelmente ela deveria permanecer fechada.
Na ombreira da porta, ficava fixado o mezuzá, que era um tubo de metal ou uma caixinha que tinha um pergaminho contendo o texto de Deuteronômio 6:4-9, este trecho bíblico era chamado de Shema ou credo; o mezuzá é usado até hoje pelos judeus. O mezuzá tinha um orifício, pois quando o Shema era colocado dentro dele, era dobrado de tal modo que o termo “todo-poderoso” ficasse à vista através deste orifício. O propósito do Mezuzá era identificar a fé dos moradores daquela casa, e proteger a casa também, quando se saía ou entrava em casa era normal beijar os dedos e tocar no mezuzá. Havia fechaduras e chaves que eram imensas, as pessoas costumavam carregá-las penduradas no pescoço, também se trancava a porta com uma viga de madeira atravessada por dentro.
Fonte Consultada:
Apostila Panorama Bíblico –
Universalidade da Bíblia – Pags: 6-9
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