6:1-5. Advertência contra o servir de fiador – A responsabilidade ilimitada. Aqui temos um dos conselhos bem práticos de Provérbios, insistido com grande vigor. Sua presença nas Escrituras estabelece a prudência como uma das virtudes de um homem piedoso. Não afasta a generosidade; é o espírito da jogatina que exclui. Isto quer dizer que aquilo que um homem dá deve ser plenamente voluntário: a soma (cf. 22:27) é determinada por ele (pois é assim que se pode julgar sua eficácia, avaliando-se as reivindicações conflitantes que se fazem sobre ele), e não extorquida dele por eventos fora do seu controle. Mesmo para aquele que recebe o favor, um aval incondicional pode ser, sem querer, um detrimento ao expô-lo à tentação e à tristeza subsequente de ter causado a ruína de um amigo.
Esta, porém, não é a palavra final. Jó 17:3 emprega este círculo de ideais para declarar que Jó é um risco pesado demais para qual[1]quer pessoa senão Deus — e para pedir que Deus o tome sob Sua responsabilidade (cf. SI 119:122). Forma-se, portanto, uma ponte no Antigo Testamento entre a ideia da insolência material e a espiritual. Mesmo assim, e tendo em mente o dispêndio total que Cristo fez de Si mesmo, continuamos a ter necessidade da lição desta passagem; isto porque o Novo Testamento nunca nos garante que Deus seja avalista de toda e qualquer aventura espiritual que queiramos iniciar. Materialmente também, o Novo Testamento mostra que Paulo aceita os desfalques passados de Onésimo, mas não os futuros (Fm 18, 19).
I. Companheiro forma um paralelo com estranho. É um termo neutro, influenciado pelo seu contexto, e frequentemente significa nada mais do que “alguém”. 3. Prostra-te, e importuna . ..Estes dois verbos são muito vigorosos. O primeiro (lit. “pisoteia a ti mesmo”) significa: “toma-te pequeno” ; ou mais provavelmente, “apressa-te” (RVmg); o último (lit. “sê turbulento, arrogante”) é quase, “intimidar”.
6:6-11. Advertência contra a preguiça – A formiga é a formiga ceifadora, que é comum na Palestina: Agur a menciona em 30:25, e um rei de Siquêm do Séc. XIV a.C. cita um provérbio sobre a sua pugnacidade.6 II. Ladrão ou vagabundo (RSV) é melhor do que “viajante” (AV). Toy (ICC) inteligentemente sugere “homem das estradas” .
6:12-15. Advertência contra a maldade – O desordeiro. O quadro que se apresenta aqui é muito vivido. Com uma sugestão aqui, uma piscada de olhos ali, e um gesto acolá, o desordeiro pode semear a discórdia à vontade — até que chegue o momento que Deus preparou para ele. 12. De Belial. Belial sempre implica aquilo que é maligno, além daquilo que não tem valor (e.g. 1 Sm 2:12; 1 Rs 21:10); às vezes significa uma tendência à destruição total (Na 1:11, 15; SI 18:4); finalmente, acabou sendo um nome explicito aplicado ao diabo (2 Co 6:15), que é o pai de todas estas qualidades.
6:16-19. Sete abominações – Esta lista, com seu apelo a Javé, completa a impugnação do desordeiro (12-15), pois a abominação culminante, o que semeia contendas (19) combina com a frase no v. 14. Pode ser que este trecho fosse composto independentemente (notem-se os novos papéis para os olhos, pés, etc., em comparação com 13). 16. Seis . . . sete (cf. “Três . . . quatro” , em 30:15, 18, etc.), é um modo de mostrar que a lista, apesar de especifica, não é de modo algum exaustiva. 17-19. As coisas detestáveis se expressam em termos caracteristicamente concretos e pessoais: o leitor pode quase perceber o olhar de altivez e a conversa evasiva, e talvez fique pensando quando é que suas próprias mãos se prestaram ultimamente para o detrimento de uma pessoa inocente. As abominações, se procurarmos classificá-las, com[1]põem-se de um pecado da atitude (17a), um do pensamento (18a: trama projetos), dois da fala (mentiras: particulares, 17b, e públicas, 19a), dois da ação (17c, 18b) e um da influência (19b).
6:20-35. Advertência sobre o adultério – A palavra hebraica traduzida falará (22) inclui um significado de meditação. Nota-se no versículo 23 como as regras e máximas de 20 são consideradas como expressões da lei divina absoluta. 24. Vil mulher. Ao invés de (lit.) “mulher de maldade” (‘e set rã’), a LXX lê “mulher de outro homem” (‘eset rea’), que não exige mudança alguma das consoantes. Isto é possível, mas não obrigatório. Lisonjas inclui o sentido literal de algo liso e deslisante. Mulher alheia: ver sobre 2:16 (“estrangeira”). 25. Não cobices aqui é uma advertência contra um passo que levaria ao perigo; a própria concupiscência, no entanto, é um pecado do mesmo tipo que o ato que a completaria (Mt 5:28; cf. o décimo mandamento). 26. A primeira linha diz, lit.: “Por causa de uma prostituta, pois, o direito a um pão”, um modo um pouco desajeitado (gramaticalmente), porém vívido, de esboçar o caminho da dissolução.
O texto que aqui temos (ARA) tem apoio das versões antigas. Outra emenda que se sugere daria a tradução: “A prostituta, pois, procura …” Contra tais emendas temos sua incerteza textual, bem como seu sentido improvável. É importante dar a devida ênfase ao custo potencial de ambos os tipos de enredo moral (ARC), mas ARA adverte contra o segundo tipo ao dar somenos importância ao primeiro, adotando um ponto de vista que dificilmente se coaduna com os fatos materiais, ou com o ponto de vista moral do Livro. Vida preciosa. Cf., em contraste com a falta de escrúpulo dela, 1 Samuel 26:21 (que dificilmente apoia a tradução de D. W. Thomas, “uma pessoa de peso”; WIANE, pág. 283). 27-29.
Analogias físicas de causa e efeito espirituais sempre fazem impacto; cf. um grupo notável em Amós 3:3-8. Aqui, pensa-se no castigo inescapável. (AV ‘inocente’ 29, é errado: o sentido normal é ‘sem punição’ RV, RSV.) O que o adúltero abraça é fogo. No ditado bem conhecido de Eclesiástico 13:1: “Aquele que toca no piche ficará sujo”, há referência à corrupção do caráter, mais do que à punição; continua: “E aquele que tem comunhão com um homem orgulhoso se tornará semelhante a ele”. 30-35. A comparação reforça a aplicação da lição. O ladrão, mesmo quando se tem dó dele (o versículo 30 faz sentido melhor como uma declaração — AV, RV, ARC — do que como uma questão — RSV, AIBB), tem de pagar uma indenização pesada (sete vezes é provável[1]mente uma figura de linguagem: cf. Êx 22:1);
O adúltero, no entanto, se desgraçou para sempre (33) e fez um inimigo implacável, cf. 27:4; Cantares 8:6b. A frase final do v. 32 talvez aponte, como que de relance, para a penalidade de morte em Dt 22:22 (cf. 5:14), mas os versículos 33-35 contemplam sua existência continuada, por precária que seja. Arruina-se espiritualmente (cf. 2:18; também 1 Tm 5:6). Pode-se pensar que o quadro do adúltero como socialmente repudiado é muito exagerado; neste caso, o ajustamento a ser feito é dizer que em qualquer sociedade saudável tal ato é suicídio social. A tolerância, que se distingue do perdão, apenas comprova que o adúltero faz parte de uma decadência geral: cf. Jeremias 5:7-9; 6:15.
Fonte Consultada:
Série Cultura Bíblica – Provérbios introdução e comentário
Derek Kidner
Pags: 69-72
AGORA VOCÊ PODE ESTUDAR TEOLOGIA À DISTÂNCIA COM QUALIDADE!
Conheça o curso de Formação em Teologia! O melhor e mais acessível curso de teologia da atualidade.
Seja um Teólogo altamente capacitado!
Os alunos formados na Universalidade da Bíblia estão prontos para atuar no Brasil e no exterior como líderes, conferencistas, obreiros, professores da escola dominical, presidentes de ministérios, membros da diretoria em convenções, e ainda estarão plenamente habilitados para atuar nas áreas de administração eclesiástica, evangelismo, discipulado, liderança, supervisão, direção e aconselhamento pastoral através de gestão executiva integrada, programas de rádio, TV, internet, livros, revistas, seminários, congressos e eventos em geral.