Três elementos do século XIX podem ser examinados: o subjetivismo, a crítica histórica e os trabalhos exegéticos. No movimento que ficou conhecido como subjetivismo, dois nomes se destacam: Friedrich D. E. Schleiermacher (1768-1834) e Soren Kierkegaard (1813-1855). O subjetivismo é a ideia de que o conhecimento é fruto da experiência individual ou de que o bem supremo decorre de uma experiência ou sentimento subjetivo. Schleiermacher rejeitava a autoridade da Bíblia e salientava o papel do sentimento e da percepção individual na religião. Foi uma reação ao racionalismo e ao formalismo. Como escreveu em sua obra Monólogos, publicada em 1800, o cristianismo devia ser encarado como uma religião de emoções, não como uma série de dogmas ou um conjunto de princípios morais.
O filósofo dinamarquês Kierkegaard, conhecido como “o pai do existencialismo moderno”, relegava a razão ao nível mais elementar do ser humano, rejeitava a cristandade, com seu racionalismo formal e dogmatismo frio, e pregava que a fé é uma experiência subjetiva vivida em momentos de desespero. A crítica bíblica alcançou uma posição de relevo no século XIX. Sua perspectiva era racionalista e seu relevo estava na autoria humana da Bíblia e nas circunstâncias históricas que cercaram o desenvolvimento do texto bíblico. Como racionalistas, os estudiosos da Bíblia contestavam sua natureza sobrenatural e sua inspiração. Em virtude de sua inclinação filosófica para o naturalismo, eles modificavam os milagres registrados nas Escrituras mediante explicações.
Benjamin Jowett (1817-1893) escreveu em Dissertações e Críticas que “a Bíblia deve ser interpretada como qualquer outro livro”, o que exigia que se conhecessem as línguas originais. Mas, em seu entender, isso significava que a Bíblia não tinha caráter sobrenatural, pois possuía “uma intrincada malha de fontes, redatores e interpoladores” que não a faz em nada diferente “de qualquer outra produção literária”. De acordo com Ferdinand C. Baur (1792-1860), fundador da Escola de Tübingen, o cristianismo evoluiu gradativamente do judaísmo, até se transformar numa religião mundial. Sofrendo forte influência da filosofia de Hegel quanto a tese, antítese e síntese, Baur ensinava que Pedro e Paulo encabeçavam dois grupos antagônicos, mas que por fim vieram a unir-se na igreja católica (universal) primitiva.
David F. Strauss (1808-1874) adotou uma perspectiva mitológica da Bíblia, que o levou a rejeitar a interpretação gramatical e histórica e os milagres. Strauss foi discípulo de Baur. Julius Wellhausen (1844-1918) desenvolveu a concepção de Karl Graf, denominando-a “hipótese documental”. Nessa perspectiva, o Pentateuco é tido como o trabalho de vários autores — um autor, chamado “J”, elaborou as partes onde Deus é chamado de “Jeová” (daí “J”), o autor “E” compilou os trechos que dizem “Eloim” (daí “E”), “D” foi o deuteronomista e “P” — o último — representa o regimento sacerdotal \priestly, em inglês], Wellhausen acreditava que o povo do Antigo Testamento evoluiu do politeísmo para o animismo, e daí para o monoteísmo.
Adolf von Hamack (1851-1930), outro crítico da Bíblia, examinou-a como um biólogo disseca o cadáver de um animal. Em contraste com a crítica histórica racionalista desses e de outros líderes do século XIX, muitos eruditos conservadores vinham escrevendo comentários exegéticos sobre a Bíblia. Mickelsen afirma que entre esses figuram: E. W. Hengstenberg, Cari F. Keil, Franz Delitzsch, H. A. W. Meyer, J, P. Lange, Frederic Godet, Henry Alford, Charles J. Ellicott, J. B. Lightfoot, B. F. Westcott, F. J. A. Hort, Charles Hodge, John Albert Broadus e Theodor ia Zahn. A essa lista podem ser acrescentados J. A. Alexander, Albert W. Bames, John Eadie, Robert Jamieson e Richard C. Trench
Fonte: A interpretação Bíblica – Meios de descobrir a verdade da Bíblia.
Roy B. Zuck
Tradução de Cesar de E A. Bueno Vieira
edições vida nova.
pags 60-61
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