O valor da arqueologia para a Bíblia

A arqueologia, com relação à Bíblia, presta-se a confirmar, corrigir, esclarecer e complementar a mensagem teológica contida no texto sagrado. Uma vez que a Palavra foi anunciada à humanidade em lugares e tempos específicos, torna-se necessário compreendermos o contexto histórico, cultural e religioso de seus destinatários. E, quanto mais claramente percebermos o significado original da mensagem, conforme comunicada ao mundo antigo, tanto melhor poderemos aplicar suas verdades eternas às nossas vidas, no mundo moderno. A arqueologia ajuda-nos a entender esse contexto, de modo que a verdade teológica não seja mal interpretada ou aplicada indevidamente. O professor Amihai Mazar, diretor da Universidade Hebraica no Instituto de Arqueologia de Jerusalém, declara-nos esse propósito:

Penso que a coisa mais importante que temos de entender é que a arqueologia é a nossa única fonte de informação vinda diretamente do período bíblico […] A arqueologia pode trazer-nos a informação do período exato em que as coisas aconteceram […] um quadro completo da vida diária nesse período, bem como as inscrições […] que são a única evidência escrita que temos do período bíblico, afora a própria Bíblia.

Confirmando a Bíblia

De acordo com o Websters’ English Dictionary, confirmar é “dar nova certeza da validade” de alguma coisa. A arqueologia faz emergir das pedras uma nova certeza a respeito da Bíblia, que vem agregar-se à convicção de que já possuímos pelo Espírito. Seu valor é apologético, o qual desde o início da ciência arqueológica contribuiu tanto para instigar quanto para patrocinar as escavações. Apesar do recente distanciamento, nos círculos arqueológicos, das qualidades confirmatórias inerentes às evidências extraídas da terra, a maioria dos eruditos ainda atesta a significativa concordância entre as pedras e as Escrituras. Por exemplo, Amihai Mazar, apesar de avesso ao uso da arqueologia para legitimar a Bíblia, ainda assim admite ser possível corroborar a Bíblia com as descobertas arqueológicas:

Em certos casos, podemos até lançar luz sobre certos eventos ou mesmo sobre certas construções como as que são mencionadas na Bíblia. Podemos enumerar muitos assuntos como esse onde a relação entre os achados arqueológicos e a narrativa bíblica pode ser estabelecida. Quanto mais recuamos no tempo, mais problemas [encontramos] e as questões são mais difíceis de responder. Nos períodos mais recentes [o tempo da monarquia], as coisas tornam-se mais seguras e melhor estabelecidas.

Apesar de ser verdadeiro que a maior parte das evidências disponíveis abrangem épocas mais recentes da história israelita, as descobertas relativas a esses períodos refletem às vezes tempos mais antigos. Por exemplo, Gabriel Barkay descobriu em 1979, numa tumba no vale de Hinom, em Jerusalém, pequenos rolos de prata contendo um texto do Pentateuco — a bênção de Arão (Nm 6.24-26), datados de antes do exílio de Judá. O achado criou um problema para os eruditos que defendiam a autoria do Pentateuco como sendo de sacerdotes de época posterior ao exílio. Como resultado, suas teorias deverão ser abandonadas ou reformuladas.

As confirmações da arqueologia à narrativa bíblica não se restringem à história. Elas demonstram também a singularidade da Bíblia, com sua teologia, quando comparada com outros documentos antigos do Oriente Próximo. As descobertas de obras religiosas dos sumérios, egípcios, hititas, assírios, babilônios e cananeus têm servido para destacar a originalidade e a elevada moral da Bíblia. Portanto, a arqueologia não só é capaz de confirmar a revelação das Escrituras, desacreditando o ceticismo histórico, como também de demonstrar o seu singular conteúdo religioso.

Fonte: Livro: Arqueologia Bíblia- Autor: Randall Price, Editora: CPAD, pags- 28-31