Lendas vivas ou vidas lendárias?
A arqueologia tem lançado luz considerável sobre a história dos Patriarcas em Gênesis: Abraão, Isaque e Jacó. Não que quaisquer registros destes homens possam ter sido jamais encontrados fora da Bíblia, mas o véu que anteriormente escondia seus tempos foi levantado. Como resultado, sabemos agora mais sobre o tipo de pessoas que eles eram, de onde eles vieram, como viviam, o que criam, onde e como eles devem ser encaixados na história das grandes nações dos tempos antigos além dos posteriores israelitas em si mesmos. —G. Ernest Wright
A única história conhecida pelos israelitas durante sua escravidão no Egito era aquela transmitida para eles por seus ancestrais — os patriarcas (“pais que governam”). Era uma história de aliança e promessa entre Deus e seus pais, que dava ao povo de Israel esperança mesmo no meio da opressão. Por esta razão, quando Deus agiu para libertar o seu povo dos egípcios, Ele escolheu identificar-se com os patriarcas — como “O Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó” (Êx 3.6,15,16; 4.5; Lc 20.37,38). Através disso, eles deveriam ter a certeza de sua libertação, pois Deus havia feito uma aliança com os patriarcas, que Ele havia jurado cumprir (Êx 6.3-8). De fato, a prática da circuncisão, que ainda é realizada nos meninos judeus hoje, testifica para a comunidade judaica uma contínua identificação com os patriarcas bíblicos que viveram 4.000 anos atrás. Os patriarcas continuam sendo o pilar central da autodefinição judaica, e a aliança patriarcal continua sendo a base histórica para o direito de Israel à sua terra antiga.
Menosprezando os patriarcas
Pode parecer um estranho ato de negar a si mesmos quando muitos críticos eruditos judeus se juntam aos seus colegas gentios na crença de que os relatos bíblicos dos patriarcas não são históricos. Posso lembrar bem da primeira vez que tomei conhecimento disso. Eu havia completado meus estudos no Dallas Theological Seminary e era um estudante graduado na Universidade Hebraica de Jerusalém. No Dallas Seminary, as narrativas patriarcais eram ensinadas como história verdadeira, e presumi que fosse do mesmo jeito nesta respeitável instituição acadêmica israelita. Todavia, em meu primeiro dia num curso sobre a história antiga de Israel, o professor, que era um dos mais renomados arqueólogos israelitas, declarou com absoluta convicção: “Abraão nunca existiu, mas seus primos, sim!”
O professor continuou explicando que as histórias bíblicas sobre Abraão, Isaque e Jacó eram simplesmente contos do campo que haviam sido passados através dos séculos e que tinham virado lendas (ele usou a palavra saga). Ele disse que os patriarcas foram apenas uma projeção retroativa criada pelos judeus nacionalistas em meados do primeiro milênio (600-400 a.C.). Estes nacionalistas estavam procurando criar um passado glorioso, ainda que não histórico. Para apoiar seu ponto de vista, ele declarou que a evidência arqueológica não sustentava a existência do período patriarcal. Arqueologia à parte, lembro me de destacar, com minha timidez jovem, que tal visão para os israelitas, cujos reclames territoriais repousavam em parte sobre a aliança abraâmica, e que hoje são assunto de debate internacional, era equivalente a serrar o galho sobre o qual estavam sentados.
Hoje, com meu juízo mais amadurecido, eu diria que na verdade derrubaria a árvore toda (veja Rm 4.13; 11.28,29)! Incidentalmente, os cristãos deveriam compartilhar uma preocupação sobre esta visão, porque, no Novo Testamento, Abraão é chamado “pai de todos nós” (Rm 4.16), e crentes em Cristo são considerados seus “filhos” e “descendência, herdeiros segundo a promessa” (G1 3.7,29). Além disso, a historicidade dos patriarcas é aceita por Jesus e pelos autores do Novo Testamento (Mt 1.1,2; 3.9; 8.11; Lc 13.28; 16.22-30; 20.37,38; Jo 8.39-58; At 3.13,25; 7.16,17,32; Hb 2.16; 7.1-9; 1 Pe 3.6) e usada como testemunha por eles da garantia de Deus quanto ao cumprimento de sua Palavra (Rm 4.1-25; G1 3.6- 29; Hb 6.13; Tg 2.21-23). O coração de Hebreus capítulo 11 lista uma “galeria dos heróis do Antigo Testamento” que demonstraram a realidade de viver pela fé.
Como Ronald Youngblood destaca: Para o crédito dos patriarcas, o autor de Hebreus devotou mais da metade daqueles vinte e nove versículos — quinze, para ser exato — ao detalhamento das maneiras pelas quais os patriarcas e suas esposas provaram ser homens e mulheres de fé…Portanto, sem os patriarcas, cuja fidelidade lançou o fundamento da nossa fé, nem judeus nem gentios têm uma promessa! Como pode a proeminência dos patriarcas na Escritura — especialmente de Abraão como uma figura central tanto no Antigo como no Novo Testamentos — ser desprezada como nada mais do que uma tradição? O registro arqueológico sustenta ou silencia a esperança de milhões de fiéis crentes cuja fé presente e bênçãos futuras estão baseadas na aliança com os pais? Vamos considerar a evidência arqueológica e decidir por nós mesmos.
Nos próximos estudos sobre a Arqueologia e os patriarcas abordaremos mais alguns temas sobre esse assunto.
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Arqueologia- Livro: Arqueologia Bíblia-
Autor: Randall Price,
Editora: CPAD
Pags: 70 – 72
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