Antes que as escavações arqueológicas revelassem o mundo da Bíblia, ninguém tinha ideia de como se pareciam as pessoas descritas em suas páginas. Todavia, quando as descobertas começaram a ser reveladas, entre elas estavam estátuas, desenhos e pinturas que davam um “quadro” do tipo de pessoas que viveram durante os tempos bíblicos. Ainda mais incrível foi que os arqueólogos encontraram “figuras” das mesmas pessoas mencionadas na Bíblia. Entre elas, estavam as estátuas de faraós que conheceram Moisés, inimigos que ameaçaram Israel ou conquistaram muito de Israel e governantes romanos mencionados no Novo Testamento, alguns dos quais conversaram com Jesus e com o apóstolo Paulo. Os detalhes incluídos nestas cenas desenhavam a vida diária dos antigos tornando possível que os artistas criassem cenas bíblicas corretamente e produtores de filmes retratassem com exatidão os dramas bíblicos na televisão e no cinema. Do “álbum de fotografias” da arqueologia, vamos considerar três famosas “impressões” que nos ofereceram um raro vislumbre do passado velado e nesse primeiro post falaremos sobre O Mural de Beni-Hasan.
O Mural de Beni-Hasan — Pintura de uma parada do tempo dos patriarcas
Durante o período bíblico os israelitas continuaram a manter contato político e econômico com o Egito, uma das superpotências daquele tempo. O contato de Israel com o Egito remonta ao período dos patriarcas (Gn 12.37- 50), a Moisés (livro de Êxodo), à monarquia do rei Salomão (1 Rs 9.16) ao rei Josias (2 Rs 23.29-35), ao tempo de Jesus (Mt 2.13-15). Desde que a lei judaica (Ex 20.4) proíbe a fabricação de imagens humanas (porque o homem é criado à imagem de Deus), não devíamos esperar pinturas feitas pelos israelitas. Porém, do lado egípcio, onde a fabricação de imagens era ordenada, uma quantidade de retratos têm sido descoberta. Um famoso exemplo veio de uma pequena vila conhecida como Beni-Hasan, localizada no sul do Cairo na margem leste do Nilo. Lá, esculpida nas encostas circunvizinhas, está uma grande necrópole (cidade dos mortos).
Como era geralmente o costume dentro das tumbas egípcias, as paredes eram decoradas com cores vivas mostrando cenas que descreviam a vida diária. Em uma dessas tumbas, datando de aproximadamente 1890 a.C., os arqueólogos encontraram um esplêndido mural de mais de 2 metros de comprimento por meio metro de altura mostrando uma parada de estrangeiros: oito homens, quatro mulheres, três crianças, vários animais, todos sendo liderados por oficiais egípcios. O texto em hieróglifos no topo desta pintura dava uma descrição da procissão e seu propósito. O texto afirmava que estas pessoas eram parte de um grupo de 37 asiáticos da região de Shut (a qual incluía a área do Sinai e o sul de Canaa). Eles estavam sendo levados por seu chefe, chamado Abishai, para comercializar com os egípcios. Detalhes como composição física, penteados, roupas, sapatos, armas e instrumentos musicais são claramente apresentados.
Enquanto ainda não se sabe exatamente quem eram estas pessoas ou mesmo porquê elas estavam vindo em caravana à uma região tão distante dos centros comerciais, a importância da pintura repousa sobre sua descrição visual de como as pessoas se pareciam no tempo dos patriarcas. Quando olhamos estas imagens, podemos imaginar a viagem de Abraão e Sara ao Egito (Gn 12.10) e mais tarde a jornada de Jacó e seus filhos ao Egito (Gn 42.5; 43.11; 46.5-7). Algumas pessoas têm até sugerido que os padrões de cores sobre as túnicas dos asiáticos no mural são como a “túnica colorida” de José (veja Gn 37.3). Mesmo que, como outros eruditos têm pensado, uma melhor tradução fosse “uma túnica de mangas longas,” um exemplo deste tipo de vestimenta também é atestado em outro lugar no “álbum de fotografias” da arqueologia.
Arqueologia- Livro: Arqueologia Bíblia-
Autor: Randall Price,
Editora: CPAD
Pags: 57-59