Esse texto está em (Mt 6:19-20)
Na verdade, aqui, outra parábola dupla, existem três ilustrações: a traça, a ferrugem e os ladrões, cada um com características próprias. Não foi Jesus quem misturou as metáforas. As três se unem numa só lição, i.e., a declaração da inutilidade de uma vida centralizada na terra. A mesma verdade se torna mais impressiva nessa tríplice parábola. Não devemos guardar os nossos tesouros na terra, mas sim prover um “tesouro nos céus que não é destruído ou roubado” (Lc 12:21).
A primeira ilustração da “traça” é associada com uma forma de riqueza do Oriente. As vestes caras de rico material geralmente eram bordadas com ouro e prata e sujeitas a ser consumidas pelos insetos. Tiago refere-se à traça que comia as vestes (5:2; Jó 13:28; 27:16; Is 50:9; 51:8).
A segunda figura de linguagem é a “ferrugem”, que, como a traça, pode tornar as coisas sem valor. A referência aqui não está confinada à corrosão dos preciosos metais de que os orientais se orgulhavam; mas a deterioração come e corrói todos os tesouros perecíveis da terra. Lang afirma que a traça e a ferrugem ilustram as fases externa e interna da destruição; mas tanto um como o outro, uma vez que se estabelecem sobre um objeto, aos poucos devastam do exterior para o interior.
O terceiro símile, os “ladrões”, é outro exemplo do uso que Jesus faz de uma linguagem finamente sarcástica para advertir os que não são ricos para com Deus e são orgulhosos de suas acumulações terrenas. Para o oriental, que mantinha o tesouro enterrado e estava sempre ciente da possibilidade dos ladrões o cavarem, a figura de linguagem poderia ser rapidamente entendida. As traças e a ferrugem atacam o perecível, mas os ladrões procuram os tesouros que não perecem. Juntos, então, esses três velozes e silenciosos ladrões de riquezas, descrevem a tolice de acumular bens terrenos para o próprio bem. Jesus exorta-nos para ajuntar-mos tesouros nos céus, onde nem a traça nem a ferrugem podem destruir, nem os ladrões arrombar e roubar.
O inexpugnável tesouro que guardamos é equivalente às “boas obras” das quais fala nosso Senhor (Lc 12:33). E o caráter formado pelos que nos seguem para o mundo invisível não é objeto do processo de deterioração (Ap 14:13). Se somos “ricos em boas obras” (Tg 2:5), e participantes das “imensuráveis riquezas” (Ef 3:8,16), então onde estiver o nosso tesouro, ali estará o nosso coração. Martinho Lutero disse: “O que o homem ama, este é o seu Deus”. O Mestre continua a dizer que não podemos servir a Deus e a Mamom (riquezas). Ellicott comenta assim: “Os homens podem tentar persuadir a si mesmos de que terão um tesouro na terra e outro nos céus, mas, a longo prazo, um ou outro reivindicará o direito de ser o tesouro e reclamará a aliança não mais dividida com a terra”.
Uma palavra de explicação é necessária sobre a proposta de nosso Senhor: “Não ajunteis tesouros na terra”. Ajuntar não é em si mesmo um pecado. Paulo, porventura, não gostava do empreendimento honesto e da esperteza nos negócios? (2Co 12:14). Se os tesouros vêm a nosso encontro, são para ser usados e aproveitados; mas para o bem dos outros. Os tesouros na terra, se empregados para a glória de Deus, tornam-se tesouros nos céus.
Ao mostrar isso, nosso Senhor condenou o mundanismo. Richard Glover, em seu Commentary on Mathew [Comentário sobre Mateus], tem este resumo impressionante dos ensinos do Mestre sobre essa questão: “O tesouro visível tem grandes e óbvias atrações. A riqueza judaica estava principalmente nas vestimentas em ouro e joias; a nossa riqueza em terra, casas e bens. O Salvador apela para que não fixem o coração nas riquezas visíveis da terra, cuja perecibilidade vivamente demonstra; para os que assim estão à mercê das coisas tão insignificantes como a ‘traça’; tão sutis como a ‘ferrugem’; tão numerosos quanto os ‘ladrões’, prontos para ‘arrombar e roubar’. Aquele que constrói muito baixo é quem constrói abaixo dos céus. A deterioração nunca pode ser uma porção, no que diz respeito às almas. Se nenhum outro destruidor vem contra nós; a velhice é um tipo de traça que prejudica, e a doença é um tipo de ferrugem que diminui o nosso aproveitamento nos tesouros terrenos, e a morte é o ladrão que arromba e rouba tudo o que temos aqui na terra. Aspiremos a coisas do alto, até mesmo os tesouros nos céus —as posses da alma imortal.
Fonte Consultada:
Todas as parábolas da Bíblia – Uma análise detalhada de todas as parábolas das Escrituras
Herbert Lockyer – Editora Vida
Pags: 180-181
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